Entrevista com o Ministro Marcos Pereira

Entrevista com o Ministro Marcos Pereira

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“O governo tornar-se-á efetivo em agosto”, diz ministro da Indústria

O presidente licenciado do PRB, Marcos Pereira, está otimista sobre o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff pelo Senado. Ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) do governo Temer, ele não só garante o apoio da bancada do PRB no Congresso, como já incorporou o jeitão formal de falar do presidente. Pereira falou à DINHEIRO:

Como é ser ministro de um governo interino, numa crise política que ninguém sabe exatamente onde vai dar? 
O governo é interino por questões constitucionais, mas temos trabalhado como se definitivo fosse. Temos muita confiança no Senado Federal e acreditamos que o governo tornar-se-á efetivo já agora em agosto.

Dá para fazer algum trabalho efetivo enquanto isso?
Sim. Na verdade, já estamos fazendo. Estou constituindo um grupo de trabalho com o Ministério do Trabalho e o da Fazenda para a desburocratização. Estamos constituindo grupos com o governo, os trabalhadores e o setor produtivo para rediscutirmos as regras que só burocratizam o processo e encarecem o custo das empresas brasileiras – o chamado Custo Brasil – e tiram a competitividade. Na prática, pretendemos revisar essas normas e facilitar a vida do empresário.

E quais são as medidas para o futuro?
A Casa Civil está conduzindo grupos com os ministérios para a reforma da Previdência e outras reformas tantas que são necessárias em médio e longo prazos. Precisamos estudar bem essas medidas para que se possa avançar. O presidente Michel Temer me deu uma autorização para iniciarmos uma análise sobre a possibilidade de aderir ou não às negociações do TISA, acordo plurilateral sobre comércio e serviços com 23 países, dentre eles a União Europeia e os Estados Unidos.

Isso implica em quê? Abrir o setor financeiro?
O financeiro, o de saúde. Na verdade, primeiro queremos entender o que eles estão discutindo desde 2012. Não sabemos nem isso, porque o Brasil não participou, por decisão do governo afastado.

Essa negociação não é da alçada do Itamaraty, que foi fortalecido?
Todas as negociações externas são feitas em conjunto pelo Itamaraty e o MDIC. Vamos continuar trabalhando em conjunto.

A indústria foi  sucateada nos últimos anos. O que dá para fazer sobre as demandas dos industriais?
As demandas são por reforma tributária, reforma trabalhista e financiamento. As reformas, temos de discutir com mais tempo e amplitude. O presidente sinalizou que vamos fazer isso muito em breve.A questão do financiamento, precisamos discutir com o BNDES. Isso envolve também a questão do incentivo fiscal. Estamos estudando as demandas das entidades, da CNI.

Há muita pressão para não aumentar imposto, principalmente com a CPMF, que poderia voltar após o impeachment?
Sobre isso não posso falar, tem que falar com o ministro Henrique Meirelles [Fazenda]. Todos sabem que a CPMF é um tributo um tanto quanto impopular. Penso que isso vai ser discutido antesde fazê-lo. Não tenho certeza que vai ser feito, não.

Como está a sustentação política do governo após a saída de três ministros?
Isso não tem abalado a sustentação politica por que o governo tem dois terços do Congresso em sua base de apoio. A prova disso são as medidas que foram aprovadas recentemente. Foi aprovada a Lei de Responsabilidade das Estatais. As coisas estão andando no Congresso. Não obstante a Câmara estar com o presidente afastado, a gente percebe que medidas importantes, como a DRU e a meta de déficit primário, foram aprovadas. A crise política está sendo tratada pelos políticos de forma muito madura, de forma a separar A e B, B de C, e as coisas estão caminhando.

O senhor tem a mesma convicção de que, assim como Dilma, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, será afastado definitivamente?
Preferia não falar, pois sou presidente licenciado de um partido com 22 deputados. Sem atuar, já disseram que eu estava atuando. Imagina se eu der minha opinião!

Tem posição fechada?
Ainda não. A bancada vai ter que se reunir para discutir isso.

(Nota publicada na Edição 974 da Revista Dinheiro,com colaboração: Milton Gamez, André Jankavski e Cláudio Gradilone)

http://www.istoedinheiro.com.br/blogs-e-colunas/post/20160701/governo-tornar-se-a-efetivo-agosto-diz-ministro-industria/9103

 

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